Evolução?
A nossa vida parece evoluir ao ritmo da evolução das telecomunicações. Começámos pela era do telefone, e não falo obviamente da fase experimental em que não era sequer consensual a saudação que devia dar início a essa coisa estranha que era falar com uma pessoa na outra extremidade de um longo fio (reza a lenda que Alexander Graham Bell teria preferido 'Ahoy'), mas do tempo em que o telefone fixo se tornou parte do tecido vivo do mundo habitado, domínio que manteve até há bem pouco tempo. Nessa altura, quando atendíamos um amigo, o mais natural seria dizermos como estás?
Depois veio o telemóvel, que se tornou por sua vez parte indispensável da nossa vida, trazendo uma nova liberdade de movimentos que nos mantinha, paradoxalmente, e pelo menos na aparência, mais próximos do que antes. O cumprimento passou, no entanto, a carregar um grau de incerteza até aqui desconhecido, e a frase mais habitualmente usada para encetar uma conversa passou a ser onde estás?
Agora, temos uma bolinha do facebook ou de qualquer outro serviço de messaging, que nos põe ao alcance de um impulso o discurso directo com múltiplas pessoas, incluindo várias a quem nunca nos ocorreria telefonar. A forma como agora começa uma conversa, essa, diz tudo de como, feitas as contas, acabamos por estar mais ou menos ligados uns aos outros: Estás aí?...
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